Antes do feriado, fizemos uma visita na escola para nos apresentarmos. Fomos
recebidas pela coordenadora da instituição de ensino e alguns alunos curiosos,
para levar a carta de apresentação e os documentos precisos para começar o
estágio. Fomos informadas que ficaríamos com uma turma de Jovens e Adultas com
15 a 18 alunos. A turma é participativa, e os alunos só faltavam às sextas
feiras. Isso mudou um pouco com a nossa chegada.
Na primeira semana, depois da
Semana Santa, retornamos a escola para o período de observação. Fomos
apresentadas à professora regente, que por coincidência já foi colega de classe
da faculdade e aos alunos que ficaram surpresos em verem tantas professoras na
sala de aula.
Quatro estagiárias em uma sala. Eles nunca iriam esperar que isso
acontecesse, entretanto a observação foi participativa, pois o grau de
dificuldade dos alunos era grande. Para ajudar a professora, ficamos com dois a
três alunos para dar um auxílio extra em suas atividades e com isso conhecer as
dificuldades de todos os jovens e adultos e suas necessidades. A professora
gostou muito da nossa ajuda, pois o conteúdo era passado, mas poucos tinham uma
boa assimilação.
Os alunos começam a chegar às 18h e são recebidos pela tia da cozinha,
que pergunta se querem o lanche e serve sempre com um grande sorriso no rosto.
Eles podem repetir sempre, pois muitos chegam do trabalho e vão direto para
escola, lembrando-se da condição social de cada um, que são pessoas humildes e
trabalhadoras. Os funcionários estão sempre de bom humor para atender a todos.
De segunda à quarta, a aula é só com a professora, e dia de quinta tem
aula de música e informática. Nessa semana eles só tiveram aula de música. A
professora trabalha com a dicção e coordenação motora, só alguns alunos
participam, pois muitos não acham interessante a aula. Até a professora achou
estranho que duas alunas que nunca tinham freqüentado a aula, frequentou nesse dia.
Na sexta tem aula normal, se não tiver AC, mas a freqüência de alunos em sala é
muito baixa.
Na segunda semana, já
conhecíamos todos e fizemos o projeto de acordo com as dificuldades
apresentadas, de comum acordo com a professora e a coordenadora da escola. O
projeto recebeu o nome de “PROJETO LEITURA E ESCRITA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS”, que tem como objetivo explicar a importância da leitura para
fortalecimento da cidadania.
A aplicação do projeto Leitura e Escrita começou no dia 18 de abril, com
previsão para acabar no dia 18 de maio de 2012. A professora regente deu
continuação a sua rotina, dividimos a turma em três grupos para ajudá-la, então
pudemos trabalhar com seis alunos que têm dificuldades parecidas. Na primeira
semana trabalhamos com as vogais, leitura do livro “A casinha pequenina” de
Ziraldo, recortes de vogais em revistas e jornais. Percebemos nesse trabalho
que alguns não têm segurança em pegar na tesoura e pediram auxilio ao colega ou
a professora para finalização do trabalho de recortes que ficou exposto no
mural. A atividade foi realizada com nossa orientação e transcorreu
naturalmente.
Explicamos o que é uma parlenda e
foi lido a parlenda “BOCA DE FORNO”, que os alunos conheciam, pois na infância
cantavam. Pedi para que eles localizassem palavras escritas com a letra “B” e tivemos
um pouco de dificuldades, falamos a parlenda e na hora de ler a palavras com B,
repetíamos várias vezes e localizávamos com o dedo, até que um dos alunos
percebeu e informou. Na hora da atividade para escrever a letra b, alguns
tiveram dificuldades, pois tivemos que colocar pontilhados para eles cobrirem.
A reunião do AC, não houve aula nesse dia.
Na terceira semana
Começamos a aula perguntando como foi o final de semana. Muitos
informaram que trabalharam e o descanso foi pouco, pois tinham que botar
alimento na mesa. O conteúdo passado foi a leitura da parlenda “Cala boca já
morreu, quem manda na minha boca sou eu”. Eu me controlei para não dar risada,
pois eles começaram a olhar um para outro e falar a mesma coisa. Depois que
pararam de repetir a parlenda, localizamos a palavras escritas com c. Antes foi
apresentada a letra, depois escreveram e as dificuldades foram as mesmas.
Trabalhamos também com palavras chaves. Os alunos participaram de forma
prazerosa, pois levantamos os conhecimentos prévios sobre a palavra
“Cidadania”. Foi um diálogo bom e prazeroso e depois trabalhamos com o alfabeto
móvel, que um deles chamou de dominó, para formar a palavra cidadania. Cada vez
que um formava, eles vibravam de emoção.
Depois, trabalhamos com leitura e memorização com parlendas, falamos
sobre o significado de parlenda e a consoante “b”. Solicitei
que os alunos localizassem algumas palavras da parlenda escrita com a letra B. Na segunda semana, trabalhamos com palavras
chaves, parlendas, trava-lingua e consoantes, principalmente a “B e C",
que fizemos o cartaz.
A leitura é sempre coletiva, pois eles não são alfabetizados. O maior
desafio é os fazer conhecerem as letras e sílabas. Em
termo de frequência, a turma é assídua, mostraram que estão dispostos a
aprender e a sala está sempre cheia.
Na quarta semana, sentimos uma grande melhora na turma,
pois nós sabemos das dificuldades de cada um. Depois do feriadão, falamos da
profissão de cada um, e cada um falou sua profissão e o que quer ser
futuramente. Nesse dia recebemos a visita de nossa coordenadora do curso (Marta
Alencar), que viu um pouco do trabalho que estávamos fazendo. Os alunos ficaram
admirados com ela. Nesse mesmo dia a funcionária da Secult informou que sexta-feira
teríamos um passeio que seria surpresa, mas ocorreu um mal entendido e não
pudemos ir. Ficaram numa agitação só, queriam saber tudo do passeio. Ela
informou o horário da saída e da chegada e que eles iriam gostar muito. Na
sexta-feira todos chegaram no horário marcado, no ônibus com direito a sambão e
tudo e muita alegria. Quando foram informados para onde iríamos, foi melhor
ainda. Foi maravilhoso ver a alegria na hora de todas as apresentações
de humor, acrobacia, contorcionismo, ilusionismo, coreografias e das
bailarinas do circo Tihany.
Na quinta semana foi algo especial,
pois depois de irem ao circo Tihany na sexta, ganharam prêmios. Antes de
começar a aula fomos informadas que iria acontecer uma festa na quinta ou
sexta-feira para homenagear o dia das mães e que nossa turma iria cantar uma
música e teríamos que treinar.
A aula foi a parlenda “A CASINHA DA VOVÓ”, que lemos juntos e depois
perguntamos o que acontecia. Foi só diversão, trabalhamos essa parlenda dois
dias. Depois foi a parlenda “O GATO COMEU”. Antes de terminar as frases eles já
respondiam.
Na quinta-feira, devido a preparação da festa dos dias das Mães,
tivemos a necessidade de organizar junto o nosso mural, com ajuda
da coordenadora. Os alunos ajudaram a pintar as flores e borboletas e confecção
do cartão que teria o nome da mãe deles e as mensagens que cada um tinha para
colocar. A mãe de alguns já é falecida, mas o carinho é o mesmo do que se
tivesse viva.
No dia da festa foi show de bola, a escola estava toda arrumada com o
mural, com os cartões expostos e o outro ao lado. Todos reunidos com as outras
turmas em uma harmonia muito boa. Deus reina em tudo que é belo e bem feito.
Tivemos vídeos de mensagens, música em homenagem ao dia e música ao vivo com
depoimento marcante de um dos alunos que canta e que está há quatro anos em uma
cadeira de rodas. Todos cantaram com ele “Fico assim sem você” e “Como Zaqueu”.
Teve sorteio de presentes para as mães e comidas variadas com direito a
lembrancinha com Serenata do Amor. Ficamos felizes em poder transformar um
pouco a vida dessas pessoas batalhadoras, cada um com sua historia de vida e
superação.
Animação foi total, cantamos a música "Como Zaqueu ".
Mural confeccionado pela turma.
Na última semana de estágio,
começamos com a parlenda “O GALO ACORDOU COM FOME”, tivemos uma leitura
coletiva com interpretação, eles a cada dia melhoram seu desempenho, eles
brincam, mas, respondem de acordo com a pergunta realizada. Nas aulas seguintes
teve a parlenda “CORRE CUTIA”.
No dia 16 de maio ocorreu a festa surpresa da estagiária Ana, que teve a
participação de todos os alunos, estagiárias, coordenação, direção e funcionários
da instituição. Foi muito emocionante.
No dia seguinte cantamos no primeiro horário “Xote ecológico” de Luiz
Conzaga, pois a turma irá se apresentar no dia 31 de maio. Como não tínhamos feito
a atividade anterior, devido a festa,
fizemos a atividade do dia e a anterior, a parlenda da “ERA UMA BRUXA A MEIA-
NOITE” e um trava língua o “O PATO
PEDREIRA”, que gostaram muito.
Na sexta feira, devido à chuva e o frio, muitos alunos não frequentaram a
instituição, um dos professores não pôde comparecer por motivo justificado à
direção, a estagiária Dalva estava doente e a estagiária Ana resolveu unir a
turma para não deixar ninguém sem aula.
A aula foi da parlenda “HOJE É DOMINGO PEDE CACHIMBO”. Fizemos uma
leitura, mas percebi que eles não leram por já conhecerem. Parei e pedi que um
deles viesse à frente para ler para os outros. Ele me informou que sabia, mas a
leitura saiu incorreta, devido algumas palavras que falamos. “Pede cachimbo”
estava falando “pé de cachimbo”. Expliquei, fizeram atividades e antes de
terminar a aula, falaram que gostaram muito dela.
Vocês nem me convidaram para o Karaokê em meninas? RSRSRSRS!
ResponderExcluirParabéns, adorei o seu trabalho. Sou professora aposentada, trabalhava com turmas da EJA 1º segmento. Em 2012 trabalhei com minha turma um Diário de Bordo. Veja a sugestão no meu Blog Art*colar. Abraços com carinho de uma professora aposentada apaixonada pela Educação de Jovens e Adultos. Conceição Gomes
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