O discurso do educador com os alunos da EJA
Sandra Medrano, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), explica qual deve ser a postura do educador da EJA diante dos alunos resistentes às novas práticas de ensino
As contribuições de Paulo Freire para a alfabetização de adultos
Trecho do vídeo do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), do MEC, no qual especialistas como Emilia Ferreiro, José Eustáquio Romão, Vera Barreto e Vera Masagão comentam como o trabalho de Paulo Freire contribuiu para o desenvolvimento da teoria e da prática da Alfabetização de Jovens e Adultos.
Neste trecho do vídeo do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), do MEC, Emilia Ferreiro fala sobre o uso do computador na alfabetização de adultos. Na sequência, é apresentada uma aula em que os alunos adultos escrevem no computador um texto que sabem de memória.
EJA em segundo plano
Modalidade requer mais cuidados e verbas para oferecer boas aulas a quem quer estudar
Verônica Fraidenraich (veronica.fraidenraich@abril.com.br)
Estrutura precária Currículo adaptado do Ensino Fundamental, inadequado para o público, e professores voluntários sem qualificação são os maiores problemas da EJA
Os especialistas são unânimes em afirmar que a única forma de melhorar os indicadores é respeitar as especificidades desse público - gente que não terminou, ou nem sequer iniciou, o ensino regular. Entre os problemas apontados, estão o currículo (muitas vezes uma adaptação dos conteúdos do Ensino Fundamental), a formação inadequada dos professores, a prática de convocar voluntários (muitos sem preparo) para alfabetizar jovens e adultos e a polêmica em torno da idade mínima para matricular-se na EJA (hoje é 15 anos, há quem lute para aumentar para 18 anos, numa tentativa de forçar os mais jovens a permanecer nas redes regulares de ensino).
De um lado, a EJA passou a receber mais recursos graças ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), ainda que os valores pagos sejam os menores do sistema. De outro, há uma variedade de programas surgidos nos últimos anos, como Brasil Alfabetizado, Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem) e Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que concorrem com a EJA e revelam as dificuldades de apontar um caminho eficaz para o setor.
O resultado dessa falta de consenso são altos índices de evasão: 42,7% dos 8 milhões de brasileiros que frequentaram classes de EJA até 2006 não concluíram nenhum segmento do curso, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007. E, tão preocupante quanto, a redução no total de matrículas nesse segmento: de 3,5 milhões de estudantes, em 2006, para 2,8 milhões, no ano passado, apenas no Ensino Fundamental. Mudar essa realidade é essencial para garantir que o Brasil ocupe um lugar de mais destaque no cenário internacional.
Erradicar o analfabetismo: uma velha promessa
Se a ideia realmente é extirpá-lo, por que as matrículas na Educação de Jovens e Adultos não param de cair nos últimos cinco anos?
Alexandre Barros (novaescola@atleitor.com.br)
Alto
índice de evasão, estrutura física inadequada, dificuldade de acesso
aos locais de estudo e programas ineficazes. Resumindo, essa é a
realidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. A combinação
desses fatores por anos seguidos acabou conduzindo o país a uma situação
alarmante: 57,7 milhões de cidadãos com mais de 18 anos sem Ensino
Fundamental completo e cerca de 14 milhões de analfabetos. Ao mesmo
tempo, de 2006 para cá, vem caindo o número de matrículas na EJA. Ora,
se a ideia é erradicar o analfabetismo, como todo candidato gosta de
afirmar em época de eleição, as matrículas nessa modalidade de ensino
não tinham de estar aumentando, em vez de diminuindo? A conta não fecha.
E deixa no ar outra pergunta: será que estamos desistindo dos nossos
analfabetos?
A história recente do Brasil está repleta de iniciativas de combate ao analfabetismo. Nos tempos da ditadura militar, entre as décadas de 1960 e 70, havia o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). Depois, durante o período da redemocratização, criaram-se cursos supletivos. Na era Fernando Henrique Cardoso, foi a vez do programa Alfabetização Solidária. E, na era Luiz Inácio Lula da Silva, entrou em cena o Brasil Alfabetizado. Todas essas políticas contribuíram, em maior ou menor escala, para a redução da taxa de analfabetismo, que caiu de 39,6%, em 1960, para 9,7%, em 2009 (ano dos útimos dados oficiais disponíveis). Mesmo assim, nenhuma delas evitou que chegássemos à segunda década do século 21 com a vergonhosa marca de 14,1 milhões de analfabetos (veja o gráfico a página seguinte).
A história recente do Brasil está repleta de iniciativas de combate ao analfabetismo. Nos tempos da ditadura militar, entre as décadas de 1960 e 70, havia o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). Depois, durante o período da redemocratização, criaram-se cursos supletivos. Na era Fernando Henrique Cardoso, foi a vez do programa Alfabetização Solidária. E, na era Luiz Inácio Lula da Silva, entrou em cena o Brasil Alfabetizado. Todas essas políticas contribuíram, em maior ou menor escala, para a redução da taxa de analfabetismo, que caiu de 39,6%, em 1960, para 9,7%, em 2009 (ano dos útimos dados oficiais disponíveis). Mesmo assim, nenhuma delas evitou que chegássemos à segunda década do século 21 com a vergonhosa marca de 14,1 milhões de analfabetos (veja o gráfico a página seguinte).